Existe uma ideia pré-definida no mundo corporativo de que as empresas devem se digladiar em busca do cliente. Você não pode revelar seus segredos, contar suas experiências e compartilhar conhecimento. Se o fizer, alguém irá utilizá-los para destruir o seu negócio.
No mundo das startups, essa ideia ficou ultrapassada. Para se fortalecerem, os empreendedores enxergaram que é preciso construir um ecossistema forte, em que todos se ajudam.
Primeiro, o que é um ecossistema de startups?
Ecossistema é um termo que deriva das ciências biológicas. Por definição, é um conjunto de comunidades que vivem em um determinado local e interagem entre si e com o meio ambiente, constituindo um sistema estável, equilibrado e autossuficiente.
Quando a gente fala do mundo das startups, diversos agentes estão envolvidos nesse meio com pensamentos, vontades e objetivos diferentes. Entretanto, existe algo em comum: todos querem que as empresas ganhem tração, escalem e cresçam. São pessoas que saem da zona de conforto e buscam melhorias para o seu entorno. Os agentes são:
- As próprias startups;
- Incubadoras;
- Aceleradoras;
- Agências de comunicação;
- Fundos de investimento;
- Mídia especializada;
- Universidades;
- Cursos especializados;
- Investidores-anjo.
O que faz um ecossistema de startups ser bom?
Para que isso funcione e todos se beneficiem, é necessário que o ambiente seja propício para tal. Faculdade não faz bons profissionais, mas, dá subsídios para que eles surjam. O melhor exemplo disso é como a Universidade Stanford foi importante para o impulsionamento do Vale do Silício. Em 1955, Frederic Terman se tornou reitor de Stanford e criou uma cultura empreendedora, onde alunos e professores eram estimulados a montarem suas empresas.
No Brasil, muitas instituições públicas são grandes centros de pesquisa e inovação. Não por acaso, muitos dos ecossistemas que deram certo por aqui também estão próximos de grandes instituições de ensino.
Entretanto, o mais importante são as pessoas. São elas que vão fazer com que o ecossistema se transforme em algo grande e composto por empresas de sucesso. Indivíduos dispostos a saírem da zona de conforto vão visualizar os problemas, procurar as soluções, desenvolver um serviço e impulsionar toda a comunidade.
Os empreendedores são os principais agentes nesse cenário – não a mídia especializada, aceleradoras, incubadoras ou fundos de investimentos. Por meio da troca de conhecimentos e iniciativas, eles farão uma cidade se transformar em um grande centro para empreender fomentando uma comunidade pensante e colaborativa.
Como esse ecossistema é fomentado no Brasil?
De acordo com dados da Associação Brasileira de Startups, a ABStartups, o ecossistema só aumenta no país. Em 2012, eram 2.519 startups no Brasil. Em 2016, esse número saltou para 4.273.
Abaixo, citamos 4 exemplos de comunidades colaborativas brasileiras que conseguiram e estão conseguindo criar ecossistemas fortes.
São Paulo
A cidade mais populosa do Brasil também é a com maior número de startups. De acordo com a ABStartups, são mais de 1.000 empresas instaladas em São Paulo.
Alguns fatores são relevantes para isso:
- Em São Paulo estão as sedes de grandes empresas de tecnologia internacionais como Twitter, Linkedin e Facebook;
- Diversos hubs de empreendedorismos se localizam na cidade, como Cubo (do Itaú), Campus (Google) e WeWork;
- Startups destaques ficam na cidade paulista como Nubank, Guia Bolso (as duas entraram para a lista de fintechs mais inovadoras do mundo) e VivaReal.
Campinas
Potencializado pela Universidade Estadual de Campinas, a Unicamp, a cidade é um polo de tecnologia. De acordo com pesquisa realizada pela revista britânica Focus, Campinas é responsável por 15% da produção tecnológica do Brasil.
Uma das grandes startups da cidade é a Movile, detentora do iFood e da Sympla. Ela é apontada como o primeiro unicórnio brasileiro – empresas que ultrapassam US$ 1 bilhão em valuation.
A Superlógica se localiza em Campinas e, consequentemente, o Superlógica Labs, espaço de empreendedorismo que fomenta o ecossistema, também. São organizadas 3 trilhas para atender setores diferentes:
- O DevOps é voltado para compartilhamento de experiências e novas tecnologias na área do desenvolvimento e programação.
- Super Growth é realizado com o intuito de educar profissionais com novas tendências na área do marketing e do growth hacking.
- MeetUp de UX fala sobre as transformações que sistemas focados na experiência do usuário podem causar.
Além dele, a Superlógica também organiza o Superlógica Xperience, o maior evento de SaaS e Assinaturas do Brasil, que mostra como crescer com a economia da recorrência e abarca vários temas como gestão, precificação, marketing e vendas.
A cidade também tem outros espaços para receber eventos corporativos, como a Weme. O Hub recebe recebe palestras e workshops voltados para marketing e desenvolvimento.
Belo Horizonte
Se São Paulo é a cidade com maior número de startups do Brasil, Belo Horizonte vem logo em seguida. Na capital de Minas Gerais existem 356 empresas do segmento.
Algumas chamam bastante a atenção como a Rock Content, com desenvolvimento de conteúdo para meios digitais, Meliuz, que devolve cupons de desconto de lojas online e devolve ao consumidor, em dinheiro, parte do valor gasto em compras direto na conta bancária, Hotmart, plataforma gratuita e completa para hospedar e vender cursos online e a Tracksale, ferramenta completa de Net Promoter Score e indicadores da Experiência do Cliente.
Neste ano, aconteceram dois grandes eventos de empreendedorismo na cidade: o Fire, organizado pela Hotmart, e o ID360, organizado pela BuscarID.
Florianópolis
Lar da Resultados Digitais, um dos grandes destaques do ecossistemas de startup brasileiras, Florianópolis é uma das grandes comunidades brasileiras. Além da RD, a Meetime, Conpass e a mobLee são exemplos de empresas que estão chamando a atenção no mercado.
Um dos grandes chamarizes é o RD Summit, um dos maiores eventos de empreendedorismo do Brasil. O evento organizado pela Resultados Digitais teve, segundo os organizadores, mais de 8 mil participantes em 2017.
Como eventos fortalecem um ecossistema de startups?
Todo empreendedor deveria participar de eventos. Por quê? Eles são espaços para compartilhamento de ideias, novos negócios e parcerias que podem ser duradouras. Nestes lugares, você encontra inovações e pessoas que estão transformando o mundo em que vivemos e não apenas o mercado. É o momento de aproveitar e ter alguns insights para aplicar no seu negócio.
Os eventos oferecem palestras com conteúdo rico de quem está empreendendo há um bom tempo e está disposto a compartilhar todo esse aprendizado. São pessoas que passaram pelo mesmo que você pode estar passando naquele momento te ensinando o caminho das pedras.
E enquanto estiver neste importante networking, tudo bem ser tímido, muitos empreendedores de sucesso são. Referências no mercado como Warren Buffet, Larry Page (Co-Fundador do Google), Marissa Meyer (CEO do Yahoo) e Elon Musk (Tesla) já declararam ter problemas em se conectar com pessoas. Mas, eles acabam se forçando a se conectar com os outros por saberem a importância disso.
É o que acredita também Richard Branson, fundador do Virgin Group. “Se cerque de mentores que tenham experiências ricas e saibam dar bons conselhos. No fim, as decisões são suas, mas ter a possibilidade de procurar ajuda de pessoas que já estiveram lá e fizeram, é de um valor inestimável”, afirmou.
Com todos melhorando, você melhora também
Se num ecossistema de startups alguma empresa cresce, é bem provável que todas ao seu redor se beneficiem junto. Startups tendem a contratar de outras startups e, com uma uma evoluindo, o serviço prestado melhora também.
Ao mesmo tempo, aquele ecossistema tende a ficar mais atrativo para investidores. Afinal, se em algum lugar surge um case de sucesso, é bem provável que outras empresas possam surgir dali.
E, por fim, aumenta o número de pessoas capacitadas dispostas a compartilhar o conhecimento adquirido e ajudam a nortear o futuro. Todo mundo acaba se ajudando! Assim, o sistema fica mais equilibrado, estável e autossuficiente.
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*Por Heitor Facini, da Superlógica