imagem de uma cidade demonstrando o mercado de eventos e o dimensionamento economico da industria de eventos
Organização de eventos | 7 minutos de leitura

Tudo sobre o dimensionamento econômico da indústria de eventos

Saiba o que Osiris Ricardo tem a dizer sobre o mercado eventos e a tecnologia


A mobLee marcou presença na COCAL 2015 e aproveitou para bater um papo com um dos nomes mais respeitados da indústria de eventos: Osiris Ricardo Bezerra Marques, responsável pelo II Dimensionamento Econômico da Indústria de Eventos.

Na conversa, Osiris aborda o papel das micro e pequenas empresas e seu impacto no setor, discute sobre inovação, e relata sobre os resultados de sua pesquisa e as expectativas para o futuro. Enquanto discutia sobre inovação, Osiris citou os desafios que o setor enfrenta, como a baixa qualidade das conexões de internet no país ou, por vezes, a completa indisponibilidade do recurso.

Esperamos que aproveite o conteúdo, fizemos a transcrição abaixo para você acompanhar enquanto ouve e não perder nenhum detalhe.

Transcrição completa do vídeo sobre a indústria de eventos

O impacto das micro e pequenas empresas no setor de eventos

Osiris Ricardo: Então, na verdade o setor de eventos é composto por grande parte, quase 80% dele, por micro e pequenas empresas. O que isso significa? Significa que você tem um setor bastante atomizado, um setor onde a grande maioria das empresas são empresas que tem receita e a gente caracteriza como micro e pequenas empresas como empresas que ganham abaixo de uma receita ou um faturamento de 3 milhões e 600 mil reais (que é uma das características de micro e pequenas empresas).

Isso é importante porque não só mostra a grande quantidade de oportunidades que se tem no setor, já que você tem muitas pequenas empresas atuando em vários nichos desse mercado. Pra se ter uma ideia, o setor de eventos tem uma cadeia produtiva constituída de mais ou menos 52 tipos diferentes de fornecedores. Com o avanço tecnológico isso tende a mudar porque você vai inserindo novas necessidades nesse setor. Isso mostra primeiro a dinâmica no setor, porque você tem muitas micro e pequenas empresas, então… Essas empresas elas entram no setor, mas também saem com muita facilidade.

Porque elas são normalmente empresas que não têm uma gestão muito profissionalizada e essa falta de profissionalização acaba impactando na longevidade do negócio. No caso, cerca de 50% destes negócios que são iniciados acabam sendo finalizados no primeiro ano e só o restante consegue ir um pouco mais adiante, obtendo uma lucratividade, um posicionamento mais efetivo no mercado.

Essa seria a questão relacionada à micro e pequenas empresas. Obviamente, também tem a questão da tributação que por elas serem micro e pequenas empresas, elas acabam sendo enquadradas no simples… O que acaba também sendo uma facilidade com que elas entrem no mercado, porque o valor do imposto é menor e muitas delas acabam fazendo eventos de pequeno porte porque são empresas que trabalham com grande parte dos eventos socioculturais (que são casamentos, aniversários, confraternizações pequenas), eventos com grande quantidade no Brasil, por isso essas empresas acabam participando desses eventos.

A inovação na indústria de eventos

Osiris Ricardo: Têm uma questão importante que a pesquisa mostrou que apenas 4.4% dos eventos são internacionais. O que isso quer dizer? Quer dizer que a maior parte dos eventos que nós fazemos, tem o âmbito nacional. Isso em relação a competitividade não é uma relação muito boa, porque se tivéssemos uma quantidade de eventos internacionais maior, também teríamos uma competição maior em relação aos eventos e esses eventos também teriam que ter um valor agregado maior.

Desses 590 mil eventos que foram contabilizados na pesquisa, a maior parte são eventos de baixo valor agregado. O que quer dizer isso? O que agrega valor a um evento? A tecnologia, a qualidade dos palestrantes, o nível de networking que é realizado no evento… Então são todas as características que vão agregando valor no evento.

Na maior parte dos eventos levantados essas características não estão presentes, aí juntando essa informação com outras informações que foram levantadas nos grupos de foco que realizamos nas cinco regiões brasileiras, o que observamos é que existe uma resistência muito grande dos organizadores de inovar tecnologicamente os seus eventos. Então, vemos eventos por exemplo, com questões básicas como: sem internet. Ano passado participei de um grande evento de turismo que não tinha internet.

Poderíamos pensar no básico da tecnologia. O fato de não ter internet é um problema básico, tendo em vista que todos temos smartphones e nos comunicamos por eles. Os próprios aplicativos rodam com a internet… O que percebemos é que existe um gap de fato e isso junta com o fato da maioria dos nossos eventos serem nacionais, do baixo uso da tecnologia.

Existe um nicho muito grande do uso da tecnologia, não apenas de aplicativos como outras plataformas interativas que podem ser utilizadas. Podemos pensar por exemplo, em congressos médicos, onde temos transmissão ao vivo cirurgias… Esse congresso no Brasil poderia transmitir ao vivo para congressistas nos E.U.A, por exemplo, mas para isso precisamos de uma velocidade de internet que não temos no Brasil, o que desencadeia em uma questão ainda mais estrutural: a nossa capacidade de transmissão de dados que é muito baixa em relação aos E.U.A e a Europa.

Existe aí um nicho muito bacana que deve e deverá ser preenchido, em relação a inovação de maneira geral e tecnológica de forma particular. Essa é uma questão muito importante de ser discutida nos eventos para que eles possam dar um salto e assumam uma posição ainda mais competitiva no âmbito internacional.

Os resultados do dimensionamento econômico da indústria de eventos

Osiris Ricardo: Então, o dimensionamento foi um trabalho muito intenso, onde levantamos dados 350 cidades brasileiras que têm evento ou potencial para evento. Nessas cidades, nós medimos o impacto econômico no setor que chegou a um valor de 209 bilhões de reais, sendo movimentados na indústria de eventos em 2013, que foi o ano que usamos como base. Depois que fizemos o lançamento, fiquei muito surpreso. Não apenas com a receptividade, como a necessidade desse estudo.

Não apenas esse estudo, mas existem outras pesquisas que precisam ser feitas, como a pesquisa de demanda de eventos, o perfil de visitantes que frequentam eventos, que nós não sabemos… Não temos o quadro de quem são essas pessoas, da onde elas vêm, quanto elas gastam, o que elas esperam, se elas voltariam ou não, quais as perspectivas futuras a esse visitante / congressistas que vêm para os eventos do Brasil. Então essa é uma pesquisa que precisa ser feita para que o setor de eventos também tenha uma objetividade maior em relação ao público, a quem está atendendo de fato e assim possa customizar melhor seus serviços em relação ao seu cliente.

A pesquisa foi de fundamental importância pois ela traz informações, não apenas sobre o impacto econômico, como informações operacionais, de sazonalidade, de pagamento de impostos, ou seja, o quanto essa indústria de eventos recolhe de impostos do governo… E também a força política que esse setor tem ou deveria ter para cobrar políticas públicas específicas desse setor, dada a relevância desse setor, dada a quantidade de impostos que são recolhidos a partir dos eventos que são realizados. Esse conjunto de informações foi essencial para que o setor se reconhecesse como um setor importante da economia. Como um setor que gera empregos (gerando mais de 7  milhões de empregos, entre diretos e indiretos), recolhimento de impostos, faturamento, o que movimenta na economia…

Fora uma outra questão que não é diretamente ligada mas que tem o impacto no longo prazo, que é a divulgação dos destinos onde os eventos são realizados. Essas pessoas que vem para os congressos, vem para eventos, em um segundo momento elas acabam voltando, não para congressistas, mas como visitantes e turistas… Se aquele destino de fato se divulga de uma maneira positiva, se ele gosta dos atrativos que foram oferecidos para aquele destino.

Então, sem dúvida nenhuma esse estudo está sendo essencial para que o setor possa se programar, planejar e reconhecer em torno de uma atividade econômica que sem dúvida nenhuma é de extrema relevância para a economia brasileira.

Agora, essa é uma das pesquisas. Existem outras pesquisas que precisam ser feitas. Precisamos ter uma cultura, no Brasil, de fazer mais pesquisas e que elas possam ser utilizadas para nortear políticas publicas, decisões das empresas e privadas… E isso, sem duvidas nenhuma, ainda está deixando a desejar pois quando falamos de gestão, que as empresas precisam qualificar melhor a sua gestão, obviamente isso não pode ser feito sem informação. Não apenas informações sobre a própria empresa, como informações sobre o setor. Quanto mais temos informações, mais profissionalizado é possível criar um ambiente de negócios ainda mais lucrativo, com decisões mais assertivas, sem decisões em achismos ou percepções infundadas. Por isso, é importante basear-se em informações que foram coletadas junto à pesquisas, com tratamento estatístico, portanto, são passiveis de serem utilizadas como informações confiáveis.


Compartilhe esse conteúdo!

Uma caixa de correio representando a caixa de entrada de email

Ei, quer nossos conteúdos direto na sua caixa de entrada?

Mais de 25.000 empresas já recebem os nossos conteúdos gratuitos sobre produção e organização de eventos. Cadastre-se agora, receba também!